6 de agosto de 2009

Beber, cair e levantar.

Às vezes as pessoas me perguntam por que eu tomei essa decisão tão radical na minha vida de não beber nenhum tipo de bebida alcóolica.
Bem, pra começar eu já não gosto muito dessa pergunta, porque com certeza eu não perguntaria a ninguém por que, então, beber.

Mas deve soar mais estranho do que eu imagino conhecer uma jovem de 21 anos, que estuda na USP e em pleno século XXI tomou a decisão de não ingerir uma gota de alcóol. Provavelmente, isso deve fazer com que as pessoas pensem que elas têm permissão de questionar minhas escolhas. E, ainda, me julgar a partir delas.

De qualquer forma, elas me fizeram um bem. De tanto perguntarem, ou de me olharem como se eu fosse de outro planeta, comecei a pensar muito sobre o tema, e cheguei a algumas conclusões que fazem muito sentido para mim.

Antes de mais nada, acho imensamente triste que as pessoas não consigam fazer-se felizes de outra forma que não sendo elas mesmas. A verdade é que as pessoas sabem do que elas precisam para ficar alegres: elas sabem como elas querem dançar, quem elas querem beijar, sobre o que elas querem falar. Mas elas simplesmente não conseguem dançar, beijar e falar livremente, porque estão amarradas em uma série de rótulos sociais dos quais não conseguem se desvencilhar de forma alguma. Estão o tempo todo preocupadas com o que os outros vão pensar, como irão parecer, com a imagem que vão construir.E a única saída que encontram para isso é colocando-se um novo rótulo: "Ah, ele(a) está bêbado!", e com isso ganham o aval para, por alguns minutos, ser quem elas sempre quiseram ser. E todos "desculpam" porque, afinal, ele(a) está alegrinho!

Seja isso bom ou ruim, eu acho que eu nunca tive grandes dificuldades para fazer o que eu tinha vontade de fazer sendo eu mesma. Dancei, passei vergonha, tive conversas filosóficas absurdas, falei que amava todo mundo, me declarei, gargalhei... E, hoje, diversas vezes escuto que quem não bebe "esconde" algo.

Sinto muito, meus amigos, mas no meu pensamento é exatamente o contrário: quem bebe é que só consegue ser feliz dessa forma. Pouco ou muito, ele precisa de um empurrãozinho para ser livre.

É muito triste que para nos livrar das máscaras sociais que vestimos, tenhamos que abrir mão da nossa possibilidade de fazer escolhas e relembrar os bons momentos. Tenhamos que abrir mão da lucidez que nos faz perceber tudo, completamente, e vivenciar todos os momentos utilizando cada sutileza dos sentidos do nosso organismo. Tenhamos, além de tudo, que deixar de lado o bem estar do nosso corpo e da nossa saúde a longo prazo, que na minha concepção são a única coisa verdadeiramente sagrada.

Para mim, alcóol é uma droga como qualquer outra, mesmo as ilegais. Aí alguém me diz: "Mas é bem mais fraco!". E eu digo que, mesmo que fosse mais fraco, as pessoas compensam na frequência e no tamanho das doses...

Talvez isso pareça um pouco antipático para alguns, ou tavez para todos (ou quase ). Ao postar esse texto, não pretendo soar a velha chata, e nem dizer que não estarei ao lado de quem bebe, nem que julgo todos aqueles que bebem.
Liberdade é minha filosofia de vida.
Isso é o certo para mim e, por isso mesmo, tenho certeza que não será o certo para todos.

Esse texto é apenas um desabafo de alguém que cansou de ser "freak" só por causa de uma escolha.