20 de setembro de 2009

De repente

E, numa tarde qualquer de primavera, em um dia que pedia para ser infinito, uma lágrima rolou dos meus olhos e eu tive certeza. Pela primeira vez olhei para mim.

Foi naquele dia, há mais ou menos um ano atrás, que eu tive certeza.

A partir daquele dia nada mais foi difícil. E mesmo os mais altos e duros obstáculos, atravesso-os com um sorriso nos lábios, porque passei por aquele dia.

Aquele dia em que tive certeza. Aquele dia em que uma música tocava, e eu tomava uma decisão: quem eu queria ser dali pra frente.
E lá eu soube exatamente o que eu precisava para ser feliz, e de antemão decidi qual era o próximo passo.

Foi naquele dia em que a neblina da dúvida saiu da frente dos meus olhos, e eu vi.
Eu vi de verdade, tão plena e nitidamente, o que sempre estivera bem na minha frente.

Hoje em dia corro atrás de um sonho. Compartilhado por alguns, incompreensível para outros. Mas não importa o que digam ou vejam, porque só eu vi.

Naquela tarde de primavera que pedia para ser infinita, tudo ficou tão claro. De repente.

14 de setembro de 2009

Tango

Desenho meu eu. Minhas mãos já não tão trêmulas quanto antes esboçam seus primeiros rascunhos.
Às vezes, um ou outro rabisco certeiro.
Desenho a lápis. Não lido bem com a irreversibilidade da caneta tinteiro.
Também uso cores. Cores que rasgam o papel, encantam os olhos, brilham, convidam para um baile silencioso! Embora o preto e o branco, o tudo e o nada, digam muito sobre quem sou.
Pensando bem, talvez nem tanto.
A aparente simplicidade do enlaçar do risco preto no puro branco papel apenas facilitem as coisas... por alguns momentos.
Reescrevo meu passado, futuro e presente incansavelmente, faço um desenho da minha alma. Traço o rosto que quero ter. E ele está em constante revolução!
Meu sorriso ganha mais razões, minhas palavras significados.
Os segundos tornam-se curtos ou extensos: alongam-se ao infinito, quebram a velocidade da luz. O tempo e o mundo dentro das minhas pupilas transformam-se naquilo que eu sou: dançam um tango comigo.
Rabisco minhas verdades, desenho meu rosto, danço meu tango.
E o que é a vida senão uma dança de salão nunca ensaiada?